Fui ouvir falar do Eduardo Galeano a partir de um vídeo dele, há uns 10 anos atrás, que se tornou viral na rede. Foi uma descoberta tardia, infelizmente, mas recuperei o atraso lendo algumas de suas obras. No Livro dos Abraços, encontrei um contador de histórias sobre pequenos momentos e trago um trecho lindo para refletirmos sobre a nossa existência
O MUNDO
Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
– O mundo é isso – revelou. – Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não aluminam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Eduardo Galeano – O MUNDO – O Livro dos Abraços
Photo by Peter John Maridable on Unsplash
Fui ouvir falar do Eduardo Galeano a partir de um vídeo dele, há uns 10 anos atrás, que se tornou viral na rede. Foi uma descoberta tardia, infelizmente, mas recuperei o atraso lendo algumas de suas obras. No Livro dos Abraços, encontrei um contador de histórias sobre pequenos momentos e trago um trecho lindo para refletirmos sobre a nossa existência
O MUNDO
Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
– O mundo é isso – revelou. – Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não aluminam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Eduardo Galeano – O MUNDO – O Livro dos Abraços