Sabe aquela banca da esquina ou do bairro da sua casa, em que você encontra as principais publicações das editoras? A maioria delas ainda atua no modelo de negócio tradicional, mesmo com a contração do mercado editorial, mas se você mora em São Paulo e frequenta o centro da cidade, você pode ter uma experiência diferente.
A Banca Tatuí, na rua de mesmo nome próxima ao centro histórico da cidade, dedica-se à venda e promoção de publicações independentes. Mas antes de eu rasgar seda para a Banca Tatuí, que é um negócio que acho incrível, vamos mergulhar um pouco no mercado editorial para entender a importância dos independentes.
ENTENDENDO O MERCADO
O mercado editorial independente valoriza o autor da obra que, além de escrever, faz todas as demais etapas do processo, em muitos casos assumindo a impressão e lançamento.
Aqui no Brasil, segundo o Painel do Varejo de Livros no Brasil, tivemos um crescimento de 12,37% no volume de livros vendidos em 2019 em comparação com 2018 e uma variação positiva do valor total vendido de 6,61% no mesmo período. Mas estes são dados apenas do mercado editorial tradicional, das grandes editoras, livrarias e distribuidoras.
Sobre o mercado independente, consegui dados do clube de autores, uma plataforma que auxilia os escritores a produzirem, publicarem e comercializarem seus livros. Em 2018, eles publicaram 10.696 livros independentes só na plataforma. No mesmo período, 46.828 foram publicados pelo mercado tradicional, segundo dados do mesmo SNEL. Fiquei bem impressionada com estes números.
Uma reportagem da Revista Época, de julho de 2018, reforça a grandeza deste mercado. Segundo a revista, também com dados compilados pelas consultoria Nielsen, “as editoras independentes cresceram 12,97% em volume e 4,58% em faturamento no acumulado das 28 semanas de 2018 em comparação ao mesmo período de 2017.” Não consegui os dados compilados do ano de 2018 e nem os números absolutos do mercado independente, mas conseguimos perceber que está em expansão.
Nos EUA, em 2017, o volume de livros nos dois mercados, tradicional e independente, foram equivalentes: cerca de 1 milhão de livros em cada naquele ano.
Pela sua pulverização, auxílio de ferramentas que facilitam a publicação de um livro, especialmente digital e a existência de iniciativas de venda só de títulos independentes, eu arriscaria dizer que este mercado é também grande no Brasil.
LIVROS COM CHARME
O tamanho pode até ser documento quando falamos em modelo de negócio que se organiza a partir de volume, mas tem uma outra característica que eu acho um diferencial maior do mercado independente que é a variedade de conteúdos e, especialmente, de formatos.
O vídeo abaixo é da Editora Lote 42, criadora da Banca Tatuí, e em poucos minutos eles mostram a diversidade dos livros que eles têm no catálogo.
São ou não são um charme esses livros em formato de carta, impressos em guardanapo, ou com um box com vários capítulos? Para amantes da literatura, mas também do Design.
SÓ INDEPENDENTES, SEM PRECONCEITO
Fanzines, prints, livros e até show ao vivo no teto da banca são algumas das coisas que você encontra por lá.
Mas vá com o coração aberto para explorar todo o universo de criatividade que o mercado independente oferece porque, como eles mesmos assinam no slogan, só independentes, sem preconceito. Então, tem muita gente boa por lá.
Se você se interessou pelo tema, mas também não mora em São Paulo, como eu, sugiro visitar o perfil da Banca Tatuí nas redes sociais @bancatatui. Existe um negócio bem parecido, também em São Paulo, que é a @bancacurva e os conteúdos também são incríveis.
Bora, então, colocar aquele projeto de vida de escrever um livro de pé? Se depender do mercado editorial independente, todas as portas estão abertas para você!