Fui convidada a participar de um podcast sobre empatia e trânsito e queria dividir por aqui o que conversamos por lá.
O podcast fez parte do conteúdo da FCA – Fiat Chrysler Automóveis, como ação de apoio à campanha do Maio Amarelo, que tem por objetivo conscientizar as pessoas para um trânsito mais seguro.
São várias perguntas que nos instigam sobre os dois temas, mas queria começar por uma delas: por que falar de trânsito em um momento em que estamos circulando tão pouco, em razão do isolamento social?
Realmente, o tráfego de pessoas nos diversos modais reduziu bastante, contribuindo, inclusive, para a redução da poluição do ar, como está sendo acompanhado pela NASA neste período da pandemia, mas acredito que o distanciamento do problema nos permite analisá-lo sob um melhor ângulo e nos organizarmos para a implementação de medidas para minimizá-lo. Além disso, a retomada da circulação das pessoas exigirá novos parâmetros de segurança sanitária, especialmente pensando nos transportes coletivos e veículos compartilhados e precisamos iniciar, agora, essa discussão para nos prepararmos para esta retomada com segurança à saúde de todos.
SAÚDE E BEM-ESTAR
Apesar de parecerem temas diferentes, pandemia e segurança no trânsito, quando olhamos para a agenda global de sustentabilidade, são tratados sob o mesmo guarda-chuva: Saúde e Bem-Estar. O terceiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é justamente este tema e um dos targets é “Até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas.”
Então, um primeiro esclarecimento importante é que estamos falando de uma mesma agenda.
O TAMANHO DO DESAFIO
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, no ano de 2018 (último dado disponível), morreram 32.655 pessoas em decorrência do trânsito brasileiro. Este é quase o total de números de mortos, na data que escrevo este artigo, pela pandemia no Brasil. As maiores vítimas são motociclistas, ocupantes de automóveis e pedestres, nesta ordem. 82% das mortes são de homens na faixa de 20 a 29 anos.
No mundo, as estatísticas também assustam: são cerca de 1,35 milhão de pessoas que perdem a vida no trânsito todos os anos, 3.700 pessoas por dia.
Diferentemente desta pandemia, em que conhecemos ainda muito pouco sobre o vírus, sua estrutura, vacinas e remédios para combatê-lo, no caso do trânsito temos muitas informações do que podemos fazer para melhorar as estatísticas.
Educação, respeito às normas de trânsito, fiscalização, rigor na aplicação do código de trânsito, direção defensiva, tecnologia, esses são apenas alguns dos principais pilares para mudarmos essa realidade.
EMPATIA E TRÂNSITO
Neste momento, estamos vivenciando o caos, em que as coisas não têm, necessariamente, uma relação de causa e efeito, a forma como aprendemos a dar resposta a problemas e desafios não se aplica mais ou precisamos reaprendê-la. Nossas competências técnicas, tudo que sabemos é colocado em cheque e aflora a nossa humanidade.
E uma importante expressão dessa humanidade é a empatia. A capacidade de partilhar e compreender o estado emocional e a situação do outro, nos colocando no lugar dele.
Não à toa, explodiram neste período ações humanitárias porque isso nos conecta na essência.
E quando exercitamos a empatia, temos uma maior capacidade de nos desenvolvermos como seres humanos e, para mim, passado esse momento de pânico e incertezas, isso que vai ficar como experiência positiva deste momento tão difícil.
No caso do trânsito, essa relação das pessoas no trânsito, antes da pandemia, no meu ponto de vista, já era uma grande oportunidade de desenvolvimento da nossa empatia, da nossa condição de cidadão.
Desde a opção por um transporte privado em detrimento do coletivo, o uso individual deste transporte privado e as atitudes como não respeitar a faixa de pedestre, ultrapassar um sinal de trânsito, mais do que infrações ou medidas que ameaçam a segurança no trânsito, elas refletem uma postura muito, muito individualista das pessoas quando estão no trânsito.
Esse momento de isolamento social nos pede um sacrifício individual, pessoal, para o meu bem (não adoecer), mas também para o bem da coletividade (adoecer menos não sobrecarrega hospitais, etc). Esse tipo de postura é que temos que levar para o trânsito: como agir individualmente para proteger os outros, para assegurar o bem estar e a saúde física de todos.
Muito se fala sobre o novo normal (confesso que não gosto muito desta expressão e estou preparando um post para falar um pouco o porquê), mas independente do que está por vir, de todas as mudanças que esta pandemia vai trazer para o mundo, temos que partir sempre do mesmo princípio TODA E QUALQUER VIDA DEVE SER PRESERVADA.
Para ouvir o podcast completo, segue o link abaixo:
Photo by 贝莉儿 DANIST on Unsplash
[:en]I was invited to participate in a podcast about empathy and traffic and I wanted to share what we talked about it.
The podcast was part of the content of FCA – Fiat Chrysler Automobiles, as an action in support of Maio Amarelo campaign, and it is intended to raise awareness people for safer traffic.
There are several questions that instigate us on both topics, but I wanted to start with one of them: why talk about traffic at a time when we are circulating as little, due to social isolation?
Indeed, the traffic of people in different forms has reduced significantly, also contributing to the reduction of air pollution, as is being monitored by NASA in this pandemic period, but I believe that the distance from the problem allow us to analyze it from a better angle and organize ourselves to implement measures to minimize it. In addition, the retaking of the people movement will require new parameters of health security, especially thinking about collective transport and shared vehicles and we need to start, now, this discussion to prepare for this retaking safely to the health of all.
HEALTH AND WELL-BEING
Although they look like different topics, pandemic and traffic safety, when we look at the global sustainability agenda, are treated under the same umbrella: Health and Well-Being. Third Sustainable Development Goals (SDG) is just this topic and one of the targets is “up to 2020, halve global road accident deaths and injuries.”
So an important first clarification is that we are talking about the same agenda.
THE CHALLENGE SIZE
According to the Brazilian Ministry of Health, in 2018 (last available data), 32,655 people died as a result of Brazilian traffic. This is almost the total deaths number, on the date I write this article, due to pandemic in Brazil. The biggest victims are motorcyclists, car occupants and walkers, in that order. 82% [Eighty-two percent] of deaths are men in the 20 to 29 years age group.
This is almost the total deaths number, on the date I write this article, for the pandemic in Brazil.
Worldwide, statistics also scare: there are about 1.35 million people who lose their lives in traffic every year, 3,700 people a day.
Instead of this pandemic, into this virus, about which we know little as its structure, vaccines and medicines to fight it, in case of traffic we have many information about what we can do to improve the statistics.
There are just some of the main pillars for changing this reality like education respect to traffic rules, inspection, and rigorous application of the traffic code, defensive driving and technology.
EMPATHY AND TRAFFIC
Right now, we are experiencing chaos, where things do not necessarily have a cause and effect relationship, the way we learn to respond to problems and challenges no longer applies or we need to learn it again. Our technical skills, everything we know is put in check and brings out our humanity.
An important expression of that humanity is empathy with ability to share and understand each other’s emotional state and situation putting us in his place.
No wonder, humanitarian actions were initiated in this period because it essentially connects us.
And when we exercise empathy, we have a greater capacity to develop as human beings and, in my view, after that moment of panic and uncertainty, which will become a positive experience of this very difficult time.
In the case of traffic, this relationship of people in traffic, before the pandemic, in my opinion, was already a great opportunity to develop our empathy and citizenship condition.
Since the choice of private transport over public transport, the individual use of this private transport and attitudes such as not respecting the crosswalk, overcoming a traffic sign, more than infractions or measures that threaten traffic safety, they reflect a very, very individualistic attitude of people when they are in traffic.
This moment of social isolation asks us for an individual, personal sacrifice, for my good (not getting sick), but also for common good (falling sick less does not overburden hospitals, etc.). This kind of attitude is what we have to take to the traffic; how to act individually to protect others, to ensure the well-being and physical health of all.
A lot has been said about the new normal (I confess that I do not like this expression very much and I’m preparing a post to talk a little about why), but regardless of what is to come, of all the changes that this pandemic will bring to the world, we must always assume the same principle ALL AND ANY LIFE MUST BE PRESERVED.
To listen to the full podcast, follow the link below (only in portuguese):
Photo by 贝莉儿 DANIST on Unsplash
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