No livro “O Momento de Voar” da Melinda Gates, ela descreve uma passagem em que um grupo da Fundação Gates foi visitar uma aldeia africana em que as meninas eram proibidas de ter acesso à escola.
O foco da visita, se não me engano, estava relacionado a um programa de reciclagem e uma criança, menina de pouca idade, acompanhou a comitiva durante todo o tempo e não importava o assunto que conversavam ou o tipo de pergunta que faziam ela só dizia “eu quero estudar”, “eu quero ter acesso à escola”.
Melinda relata esse trecho para defesa da educação como parte do empoderamento feminino e queria aproveitar essa descrição, que me marcou tanto, para celebrar o Dia Nacional do Livro aqui no Brasil, que foi ontem, 29 de Outubro.
A leitura fez parte da minha educação mais como conteúdo programático do que paixão. Isto até a faculdade de Direito que intensificou a obrigatoriedade desse hábito e me deu repertório e método para desfrutar das letras com prazer, além de me habilitar à maior fluência na escrita.
Queria ter guardado minhas redações da época de escola, em que eu tirava sempre nota média para baixo, para documentar como podemos desenvolver habilidades em campos de conhecimento que não são nossas competências naturais. Com a leitura e escrita foi assim para mim.
O acesso à educação de qualidade, a possibilidade material de adquirir livros, a disciplina de me dedicar à leitura me apresentaram Guimarães Rosa e seu Grande Sertão Veredas, Gabriel Garcia Márquez e o maravilhoso “O Amor nos Tempos do Cólera”, que é a obra minha e do meu marido (igual “música” que marcam alguns casais, no nosso caso foi esse livro), o aterrorizante “Diário do Farol”, do João Ubaldo Ribeiro, e tantos outros livros lindos que tive e tenho oportunidade de ler.
O poeta cubano José Martí disse que “escrever um livro” estava dentre as três coisas que toda pessoa deveria fazer durante a vida. Meu conselho é ler um, dois, três livros, mesmo que nunca escreva um. E se pretende escrever, essa máxima é ainda mais útil. Só é bom escritor quem é bom leitor.
E sobre as outras duas coisas que José Martí defende que façamos durante a vida, ter um filho e plantar uma árvore, lute pela educação de toda criança, mesmo que você nunca tenha um filho e pela preservação da nossa espécie, plantando árvores e semeando educação e a leitura.
Viva o livro e que ele seja uma verdadeira ferramenta de transformação na educação do nosso país.
Foto de Stas Knop