PRESENTE INDÍGENA

“Se presente não fosse bom, não se chamava presente”

Essa foi uma das citações do Daniel Munduruku em recente evento que tive o prazer de ouvi-lo.

Daniel provocou a plateia a pensar a educação a partir do tempo presente. Na nossa cultura ocidental, o futuro tem um protagonismo grande na nossa forma de pensar e orienta a formação educacional para o que vamos ser quando crescermos, materializada na recorrente pergunta que fazemos às crianças nesse sentido.

Essa pergunta, segundo Daniel, nunca é feita a uma criança indígena, porque ela já é. Sim, a criança já é tudo que ela precisa ser: criança.

No tempo indígena, o futuro é uma sequência da própria experiência humana e não uma projeção de felicidade, como insistimos em conceber no nosso projeto de vida.

Além de todo o aspecto técnico relacionado à oferta de uma educação de qualidade para nossas crianças e jovens, Daniel reforça que temos uma dívida com a educação das nossas crianças para o presente.

Que a circularidade do tempo, que orienta a cultura indígena, possa nos inspirar para valorizarmos a nossa memória e pensarmos nossa existência a partir do agora.

Eu saí de lá com essa pergunta latente: qual o presente que estou oferecendo à minha filha?

Muito grata por ter ouvido esse educador tão inspirador!

Foto: Registro fotográfico Agência Ophelia/Itaú Cultural – Enciclopédia Itaú Cultural