Para minha homenagem ao Dia da Mulher esse ano, quero compartilhar uma experiência pessoal de maternidade.
Minha filha começou o terceiro ano do ensino fundamental esse ano e os deveres de casa se intensificaram exponencialmente.
Ainda estamos completamente desorganizados com essa nova rotina e estou em um dilema existencial e prático sobre o meu papel nessa tarefa diária e cansativa de apoiá-la nessas atividades.
E o cansaço é de todos porque essas horas de estudo em casa têm que ser conciliadas com outras atividades dela, meu trabalho, do meu marido, as coisas da casa, enfim, uma família normal tentando sobreviver e se entender nesse universo dos diversos papeis que exercemos.
Ela, tão pequena ainda e nós, os adultos.
Uma semana antes do Dia Internacional da Mulher, eu já estava indo deitar, umas dez da noite e ela estava terminando o para casa com o pai e veio correndo até minha cama: – Mãe, tem um dever aqui que você vai implorar para fazer comigo.
Esse implorar entrou como uma flecha de culpa no meu coração e o partiu como em tantas outras vezes. Na tentativa de dar a ela autonomia na hora de fazer as atividades, tenho me ausentado ou dito alguns nãos.
Depois de dar as mãos para a culpa, eu só consegui pensar que a situação estava saindo muito do controle. Mais um para casa, são dez da noite!
Ela trouxe o caderno orgulhosa e a primeira coisa que eu vi é que a atividade era para dali a cinco dias, depois do Carnaval.
Consegui me levantar um pouco da coberta já aliviada e fui ler a instrução:
– Ao longo da história, as mulheres tiveram um papel fundamental na construção da sociedade, com descobertas, invenções, lutas por direitos e muitas outras coisas muito importantes. Converse e pesquise junto com sua família, sobre uma mulher que fez algo importante para as pessoas.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Minha filha sabe que tem uma mãe feminista.
Vou me dedicar a esse para casa com afinco para homenagear às que vieram antes de mim.
Meus parabéns a todos nós, que ainda insistimos na luta por igualdade.