“Férias em sua cidade”: este foi um dos 100 temas listados pelo Pintrest no relatório de tendências Pintrest 100 para 2020. Ele foi agrupado na categoria Turismo Responsável, ao lado de outras 9 como “Consumo Consciente”, “De Volta à Natureza” e “Encontrando o Equilíbrio”.
Não sei se pela consciência de que reduzir deslocamentos é mais amigável ao meio ambiente ou que consumir na cidade ajuda a aquecer a economia local, fato é que os cidadãos Belorizontinos, e eu me incluo na categoria, têm reforçado essa tendência quando se fala em Carnaval.
Há alguns anos, não muito distantes desta nova década que se inicia, a cidade ficava praticamente deserta nos dias da folia. As cidades históricas do Estado, o litoral e as grandes festas ao redor do país atraíam os moradores da capital e por aqui ficavam apenas aqueles que queriam tirar os dias para descansar ou para fugir dos agitos da festa.
Estes bons tempos – ou não! -, se depender dos blocos de rua, ficaram definitivamente para trás.
CIDADE E ESPETÁCULO
Nos últimos anos, de cidade-deserta-nesta-época-do-ano, passamos a uma grande ocupação do espaço público com a proliferação de blocos de rua (hoje já são mais de 400), que tomam a cidade em um mar de música e fantasia.
Mas eu não queria falar da festa em si, até porque não tenho credenciais de boa foliã e este post não seria nada autêntico se eu me arriscasse a escrever sobre a experiência de viver o Carnaval na minha cidade.
Não frequento a festa, mas como moradora não pude ficar alheia e me coloquei no lugar de observadora dessa nova dinâmica. O que mais me chamou atenção neste movimento foi a ressignificação do espaço público e a forma de ocupação de ruas e avenidas para além de um local delimitado para deslocamento. Estas veias da cidade, junto com praças, parques e prédios públicos, neste período da festa, deixam de ser apenas pontos de ligação e para se tornarem palco de um espetáculo.
Não atuamos na cidade só pela orientação que nos dão os mapas ou o GPS, mas também pelas cartografias mentais e emocionais que variam segundo os modos pessoais de experimentar as interações sociais
Nestor Canclini – IMAGINÁRIOS CULTURAIS DA CIDADE: CONHECIMENTO / ESPETÁCULO / DESCONHECIMENTO
Então, vimos o surgimento de uma nova cartografia emocional que projetou nossa cidade como Cidade Espetáculo. Este termo foi apresentado por Canclini no mesmo texto do trecho citado acima e ele refere-se a este conceito para denominar cidades globais como Barcelona, Berlim e Nova York. Não somos tão globais ou sexy assim, mas acho que o termo é aplicável para nossa Belo Horizonte, ao menos nesta esta época do Carnaval.
Tenho certeza que os cerca de 5 milhões de foliões esperados para o Carnaval de Belo Horizonte este ano concordam comigo.
Então, bom espetáculo a todos. Que venha o Carnaval!
Foto destaque: Photo by Matheus Frade on Unsplash
Foto: Divulgação Belotur – crédito nas fotos