Passados mais de 30 anos do início da disseminação da ideia de desenvolvimento sustentável, atribuído à publicação do Relatório “Nosso Futuro Comum” ou Relatório Brundtland na década de 80, acho que esta pergunta ainda é latente, especialmente para os mais céticos, que acreditam que o investimento em práticas sustentáveis seria apenas uma ação de marketing.
A experiência mostrou que, claro, este tipo de abordagem existe, mas ela não se sustenta e a prática de comunicar sem ter consistência nas ações, que hoje é chamada de greenwashing, sofre escrutínio da própria sociedade e do mercado atingindo diretamente a reputação e o valor das empresas.
A comunicação das ações é importante e acho que vale um artigo só para este tema, mas para adiantar, ela deve ser feita de forma responsável, traduzindo o que efetivamente são o propósito e o posicionamento das empresas nesta temática, tendo como referência suas práticas concretas.
Mas voltando à nossa pergunta, e eu deparei-me com ela ao longo de toda minha carreira profissional, algumas ferramentas têm nos ajudado a respondê-la, tangibilizando o ganho que a sustentabilidade agrega às empresas.
Quando falávamos de ações de filantropia ou mecenato, a motivação do fundador da empresa ou principal executivo era o grande alicerce em que se sustentavam as razões para o investimento social privado.
À medida que estas práticas alcançam as empresas de capital aberto, essa esfera mais íntima, das crenças dos fundadores ou executivos, ganham novos contornos porque passa-se a ser exigida pelo acionista uma demonstração mais objetiva do impacto para o negócio.
Neste contexto, as agências de rating, indicadores ligados ao mercado de ações, metodologias de reporting, começam a disponibilizar ferramentas que associam as práticas sustentáveis ao retorno para o negócio: reputação, maior valor de marca, maior valor das ações.
Empresas com boas práticas ambientais, de governança e social também passam a ser mais bem avaliadas ou melhor ranqueadas em portifólios de análise de riscos, indicando para o detentor do capital melhores opções de investimento.
Mas, recentemente, essa agenda ganhou um novo aliado: as empresas de gestão de ativos, ou melhor, a maior delas, a Black Rock.
Gerindo recursos na casa dos trilhões de dólares e convicta de que “o entendimento das questões de sustentabilidade é essencial para o desempenho dos investimentos no longo prazo”, a Black Rock tem adotado critérios de sustentabilidade para composição do portfólio de investimentos para seus diversos clientes.
Larry Fink, o principal executivo da empresa, anualmente escreve uma carta aberta para CEOs reforçando que os compromissos com o desenvolvimento sustentável são um importante critério na tomada de decisão de investimento. Em uma delas, por exemplo, ele afirma que, em alguns anos, empresas que não tiverem mulheres em seus conselhos de administração, não serão consideradas no portfólio da Black Rock.
Então, por que as empresas investem em sustentabilidade? Aos céticos, não há mais espaço para dúvida em torno da importância desta agenda. As empresas investem porque a sustentabilidade gera valor para o negócio e garante a perenidade de uma empresa. E também porque é o certo a fazer, porque gera reputação e maior competitividade.
Crédito foto: Foto de Alena Koval no Pexels