PARA QUEM VOCÊ ESCREVE?

Quando comecei a produzir conteúdo de forma mais estruturada – criei meu blog em 2019 e, entre idas e vindas de frequência de postagem, fazem 5 anos – o assunto era o SEO, Search Engine Optimization, um conjunto de técnicas do mecanismo de busca para posicionar sites e outros conteúdos.

Os manuais para “creators” já recomendavam usar técnicas de escrita que atendessem ao SEO com a promessa de alcançar o sucesso. Fiz alguns exercícios nesse sentido, menos com objetivo de me destacar e mais em uma tentativa de  acertar, porque estava adentrando em um universo que era totalmente desconhecido por mim.

Publiquei alguns conteúdos assim, seguindo o manual, mas eles sempre me pareceram textos mecânicos e pouco autorais, apesar de eu mesma tê-los escrito.

Felizmente, desisti de seguir essa orientação bem cedo e optei por escrever o que eu gosto, no formato que mais reflete o ritmo e tom de voz que quero imprimir.

Ao lado do SEO, temos outra sombra para os produtores de conteúdo que, toda vez que me vem à cabeça a música “La Donna é Mobile”, de Verdi na ópera Rigoletto (eternizada na voz de Pavarotti), tenho certeza que era um prenúncio dele, o algoritmo. “Mobile qual piuma al vento, cambia d’accento e di pensiero”. (cantarolar essa música pensando que é mais sobre o algoritmo do que sobre as mulheres, me tira a culpa de gostar muito dela, apesar da mensagem sexista).

Ora entregando um perfil de conteúdo, ora outro é quase uma tormenta ficar tão vulnerável a tantas mudanças.

Então, também decidi deixá-lo para lá e escolhi a relevância como aliada e minha principal guia no meu projeto editorial.

Se “è sempre misero chi a lui se afida” acho que foi uma boa escolha. Se eu não furar a bolha do algoritmo, ao menos cumpro meu propósito.

E você escreve para quem? Eu escolhi escrever para pessoas.

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Desculpem os estrangeirismos em italiano, menos comum por aqui. Seguem as traduções:

La donna é mobile –  a mulher é volátil

Qual piuma al vento, cambia d’accento e di pensiero (Como uma pluma ao vento, muda de sotaque – tom de voz – e de pensamento)

È sempre misero, chi a lei se afida – é sempre infeliz quem nela confia (troquei no texto por lui – ele – para fazer referência ao algoritmo