Diversidade e inclusão tem sido, nos últimos meses, a agenda que tenho mais me dedicado a aprofundar e aprender. Por um interesse pessoal, mas muito estimulada pela incorporação da temática na agenda de sustentabilidade nas organizações e na própria sociedade que elevaram o tema, felizmente, a um patamar de prioridade.
Mas esse artigo é sobre sustentabilidade e gestão de mudança, então, o que este tema tem a ver com tudo isso?
Sustentabilidade + Gestão da Mudança
Iniciei este artigo com o exemplo de diversidade e inclusão porque ele ilustra muito bem como Sustentabilidade e Gestão da Mudança se encontram.
Na verdade, minha crença é que estas disciplinas andam juntas. Todo processo de gestão da sustentabilidade, quando ele é efetivamente transversal, incluindo todas as áreas da organização, e incorporado à estratégia do negócio, exige da empresa a implantação de um processo de gestão da mudança. Algumas agendas vão exigir um processo aprofundado e, outras, seguirão um caminho mais orgânico.
Quando uma empresa parte para a implantação de um programa de diversidade e inclusão, para continuar no mesmo exemplo, a palavra de ordem é criar uma cultura inclusiva.
E porque as empresas têm dado mais atenção a este tema e implantado programas para promove-lo? Porque, em primeiro lugar, é justo, mas também é uma agenda de competitividade. Em pesquisa recente* da PWC, CEOs entrevistados confirmaram que um ambiente inclusivo é relevante para o negócio. Quando perguntados porque, as principais respostas, seguidas da justificativa foram:
- 90% ATRAI TALENTOS
- 83% FORTALECE A REPUTAÇÃO
- 77% melhora a RELAÇÃO COM O CLIENTE
- 85% melhora O DESEMPENHO DO NEGÓCIO
- 78% promove INOVAÇÃO
- 75% ATENDE ÀS NOVAS E CRESCENTES NECESSIDADES DOS CLIENTES
Promovendo a mudança
Mas se falamos no diverso e se ele é importante para a sociedade e para os negócios precisamos considerar, também, que as pessoas têm diferentes backgrounds no que se refere ao entendimento da relação com grupos minoritários como mulheres (gênero), negros (raça), LGBTQ+, e pessoas com deficiência, para citar os que têm feito mais parte da agenda corporativa nesta área.
Então, não há como aumentar a representatividade destes grupos, seja em números demográficos ou em posições de liderança se não houver a estruturação de um programa de gestão de mudança que passe por (1) definição do porquê é importante para o negócio, (2) identificação de grupo transversal para planejamento e gestão (comitê), (3) a identificação de um posicionamento da empresa e do principal executivo, (4) um plano de educação corporativa e comunicação consistentes, (5) envolver todos os níveis hierárquicos, (6) metas de curto, médio e longo prazos e (7) ações afirmativas que vão promover a mudança.
Não à toa, os passos descritos no parágrafo anterior coincidem com os 8 passos definidos por John Kotter, teórico que se dedicou à gestão da mudança:
(1) Senso de urgência
(2) Formar uma coalisão poderosa
(3) Criar uma visão para a mudança
(4) Comunicar
(5) Empoderar a base
(6) Criar metas de curto prazo
(7) Tornar a mudança parte da cultura organizacional
Tenho a felicidade de, como Coordenadora de Sustentabilidade, estar tendo a oportunidade de participar diretamente deste processo na empresa em que trabalho.
Mas como meu objeto de trabalho, a gestão da sustentabilidade, é transversal e trabalhamos com 100% das diretorias, vejo exemplos parecidos em outras agendas de sustentabilidade em que um processo de gestão de mudança é necessário: combate às mudanças climáticas, inovação, ética e transparência, só para citar alguns.
Lado a Lado
Se não tinha te ocorrido, ainda, esta associação entre sustentabilidade e mudança organizacional, sugiro promover a aproximação das duas áreas. Ambas trabalham com o mesmo objeto e a convergência de metodologias e esforços podem gerar ganhos inestimáveis para alcançar um novo estágio de evolução na cultura corporativa.
Tenho aprendido muito com este encontro, em algumas experiências liderando a mudança, em outras fazendo parte de processos liderados pela área de desenvolvimento e a convergência das duas disciplinas tem sido um ganho de resultado para a empresa e desenvolvimento profissional para todos.
*Fonte: 18th Annual CEO Survey, PwC 2018
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