VAMOS FALAR SOBRE ANSIEDADE?

Esta semana recebi o convite do Bruno Galdino para participar de uma roda de conversas que ele está promovendo sobre procrastinação.

Conheci o Bruno em um treinamento empresarial sobre liderança. Ele usou a metodologia de rodas de conversa e, meu Deus(!), como foi muito mais prazeroso que vários outros métodos que eu já tinha experimentado para tratar de temas ligados ao universo corporativo.

Eu quero muito participar de outra roda de conversa promovida por ele, mas além de estar de férias, fiquei pensando sobre a temática. O convite veio na semana seguinte ao aniversário de 7 anos da minha filha e no mesmo dia que abordei com ela se poderíamos trocar ideias sobre as comemorações do ano que vem! Levei uma leve bronca dela e do meu marido por exagerar na antecipação dos preparativos.

Seguir um cronograma, não deixar as coisas para última hora são frequentes na minha rotina, especialmente para coisas prazerosas como as ligadas ao meu universo familiar.

Não quero dizer que não procrastino (haja vista o início da academia ou uma apresentação de trabalho mais difícil ou complicada), mas minha reflexão é sobre padrões e não me reconheço como uma pessoa que adia o cumprimento de tarefas e compromissos de forma recorrente.

Procrastinação é um comportamento que pode gerar stress ou perda de produtividade, mas a gente fala pouco sobre o comportamento ansioso. 

Fiz uma mudança de carreira há pouco tempo –  indo para outra empresa, de outro segmento – e fez parte da minha preparação um treinamento sobre entrevista e um processo de coaching. 

Tenho bons aprendizados desse período e acho que vale a pena falar disso, mas em outro artigo!  O ponto que queria trazer aqui é que, pesquisando sobre entrevistas, eu li uma matéria muito interessante sobre a abordagem da maioria dos candidatos em relação a pontos fracos.

É difícil falarmos sobre isso quando estamos batalhando por uma vaga, mas o que me chamou atenção no referido texto é a conclusão de que a maioria dos candidatos tendem a apontar um ponto “fraco” mas que, no fundo, pode ser entendido como forte e a “ansiedade” é a campeã das citações: “reconheço que sou muito ansioso (a) e quero fazer tudo rápido, sou ansioso (a) e cobro muito de mim por querer fazer tudo de forma perfeita” e outras variações de respostas em que a ansiedade aparece no centro e exalta um comportamento de alta produtividade.

Eu não sou psicóloga, mas aprendi com a minha que, sim, essa característica pode gerar alta produtividade pelo padrão que ela estabelece e tem várias saídas que são positivas, mas é um aspecto que precisa de cuidado no universo corporativo, especialmente ligado à saúde mental.

Um indivíduo ansioso é aquele que tem como padrão vislumbrar situações de riscos, perigo, frustração, imprevistos e reagir ou responder a essas “ameaças” se antecipando ou vivenciando hoje as emoções de uma situação que ainda não aconteceu.

A questão é que a materialidade desses riscos e ameaças é superestimada e o ansioso consome muito tempo e energia se preparando ou estando pronto para enfrentá-las.

Esse padrão de comportamento acaba gerando comprometimentos como cansaço, desgaste emocional, nervosismo, etc. e, em situações extremas, distúrbios disfuncionais. É o tal sofrer por antecipação, mas em um grau mais elevado.

Eu preparo a festa da minha filha com 1 ano de antecedência porque não quero que, se deixar para última hora, os fornecedores não estejam disponíveis, que não tenha disponibilidade para um espaço que desejamos alugar ou que eu fique sobrecarregada, mas a dimensão de tempo frente a essas variáveis é bem distorcida da realidade. Pelo nível de complexidade da festa, que é bem baixo, eu poderia fazer a mesma coisa, 2 ou 3 meses antes.

Trazendo para a abordagem do mundo corporativo, precisamos ressignificar a ansiedade e começar a debatê-la também, zelando pelo equilíbrio na nossa rotina. Ela traz muita produtividade quando está bem administrada, mas nos excessos a que nos submetemos e a combinação com outras características do mundo atual, que alguns chamam de BANI – frágil, ansioso (olha ele aí!), não-linear e incompreensível – , pode gerar disfunções e comprometimento da nossa saúde.

Esse papo está ficando muito cabeça e acho que não sou a melhor pessoa para aprofundar em aspectos da nossa psique, mas quem sabe o Bruno não anima abrir uma roda de conversa sobre esse tema para os que se reconhecem ansiosos se entenderem melhor e tentarem encontrar um equilíbrio saudável e funcional para o dia a dia do trabalho?

Topa Bruno?

Foto de Moose Photos